Como é morar na Itália
07.04.2020De tempos em tempos, vemos circular na mídia a sedutora notícia de que alguma cidade na Itália está oferecendo dinheiro para quem estiver disposto a estabelecer residência por lá. É claro que a proposta do governo italiano vem sempre acompanhada de muitas regras e poréns, mas não há quem, nessa hora, não se pegue pensando: como é morar na Itália?
Depois de um ano vivendo na Itália e conhecendo o país de Norte a Sul, eis o nosso primeiro recado: esqueça a pompa e o agito que se vê na Ponte Vecchio de Florença ou na Galeria Vittorio Emanuele de Milão. Esqueça também a imagem que passam as luxuosas marcas de carro esportivo ou o design requintado dos móveis produzidos no país. Na maior parte do território italiano, a vida acontece de forma simples, tranquila, mas muito prazerosa.
Abaixo, reunimos alguns aspectos centrais da vida cotidiana na Itália que retratam, em linhas gerais, como é morar no país da bota.
Morar na Itália: custo de vida
Os valores pagos por bens e serviços – tais como moradia, alimentação e transporte -, variam bastante conforme a cidade e região da Itália estivermos falando. Quanto menor e mais ao sul do país for a cidade, de regra, mais acessíveis são os preços.
Para se ter uma ideia, o aluguel de um apartamento com sala, cozinha, banheiro e quarto custa, em Chieri – cidade vizinha à Torino, com 40 mil habitantes – cerca de 500€. Pelo mesmo valor é possível alugar um apartamento com as mesmas características na histórica e turística Lecce, cidade de 100 mil habitantes, no sul da Itália. Os custos com alimentação na Itália meridional são também visivelmente menores se comparados aos das províncias do Norte. Enquanto 1kg de tomates custa 2€ em Bolonha, em Palermo sai por 1,25€. Já o preço da gasolina, na casa dos 1,57€/litro atualmente, é praticado sem grandes variações em todo o território continental. Na Sardenha, entretanto, o valor pode chegar a 1,85€.
Segundo o ranking da Unione Nazionale Consumatori (equivalente ao nosso PROCON no Brasil), elaborado com base na inflação média registrada em 2019, as cidades de Ancona, Sassari e Perugia são as que apresentaram o menor aumento no custo de vida no último ano. No topo do ranking de capitais e cidades mais caras da Itália estão Bolzano, Modena e Trapani.

Em comparação com outros países da Europa, a Itália fica no meio do caminho: não é o país com o maior custo de vida, mas também está longe de ser o mais barato para se viver. Importante: os serviços de saúde – que representam fatia importante do custo de vida do Brasil – na Itália são, quando não gratuitos, bastante acessíveis. A educação básica é gratuita e a segurança não chega a ser um fator preocupante na Itália.
Mercado de trabalho e remuneração
O mercado de trabalho na Itália não é tão aquecido quando comparado ao dos países ao norte da Europa. Apesar da recuperação do número de empregos nos últimos anos, as ofertas se concentraram principalmente em setores e profissões de baixo nível de qualificação, que oferecem remunerações mais baixas. De toda forma, segundo o site de empregos italiano jobbydoo.it, os salários partem de 810€ para os trabalhos que não exigem capacitação, enquanto um engenheiro, por exemplo, recebe cerca de 1.950€ mensais. A média salarial na Itália atualmente é de 1.550€ ao mês.
Um detalhe curioso do mercado de trabalho na Itália é que não há salário mínimo estabelecido por lei…ao menos por enquanto! Atualmente tramita no Senado italiano uma proposta que pretende estabelecer um “salário mínimo horário”, ainda em 2020, para todo território nacional. Segundo o projeto, a contraprestação laborativa deverá ser de ao menos 9€ a hora.
A atividade industrial italiana está concentrada no norte do país. As principais empresas no ramo automobilístico, da moda e alimentação estão nas Províncias de Piemonte e Lombardia. Nessas regiões, as profissões mais procuradas e mais bem pagas estão ligadas à tecnologia digital. Já o mercado do turismo está bem espalhado e é possível encontrar oferta de trabalho no ramo da hotelaria e restauração por toda Itália, principalmente nas cidades de Roma, Florença, Nápoles, Veneza, Milão, Turim, Pisa, Pompéia, Siena e Verona.
Já nas cidades litorâneas, como Taormina, Tropea ou na Costa Amalfitana, são mais frequentes os empregos de temporada. É mais fácil conseguir uma colocação nos meses quentes, que vai de maio a outubro. Por outro lado, as cidades próximas às estações de esqui no Vale de Aosta e também Alto Ádige abrem oferta de trabalho temporário nos meses de inverno.
É bom lembrar: * Para conseguir um emprego na Itália é essencial estar em situação legal no país, seja com a obtenção de visto de trabalho ou com a cidadania/ nacionalidade reconhecida. * Na Itália, o exercício de algumas profissões – mesmo de nível não universitário – exigem a formação em algum curso específico. * Para trabalhar na área de sua formação, é preciso primeiro validar o seu diploma na Itália.
Morar na Itália: clima
A posição geográfica da península italiana e a variedade de relevos existentes em seu longilíneo território faz com que a Itália tenha diferentes tipos de clima, para todos os gostos:
* Muito frio nos Alpes, com temperaturas negativas no inverno e verões com médias não superiores a 15°C);
* Continental, ao norte, no vale do Rio Pó. Os invernos apresentam temperaturas próximas a 0°C e os verões são abafados, com médias em torno de 25°C e picos que chegam a 35°C;
* Ameno no litoral, com a influência do mar mediterrâneo;
* Frio e ventoso na maior parte do ano nos Apeninos, a cadeia montanhosa central que se estende do Norte ao Sul do país.
Qualidade de vida
É aqui que entra o grande diferencial da Itália. E não é só porque o país mantém os serviços essenciais – como educação, saúde, coleta de lixo, transporte coletivo e segurança pública – funcionando, em linhas gerais, muito bem. É que o povo italiano sabe como desfrutar da vida, com equilíbrio, cultivando hábitos simples e prazerosos como tomar um cafezinho no bar da esquina na companhia dos amigos.
É claro que esse jeito simples de levar a vida tem muito a ver com a característica demográfica do país. Em 2019, 69,43% dos municípios italianos possuíam menos de 5 mil habitantes, segundo o Istituto Nazionale di Statistica. Apenas 106 de um total de 7.915 mil cidades possuíam mais de 60 mil habitantes. Não ter que lidar com a poluição, o congestionamento e o stress dos grandes centros contribui sobremaneira para a qualidade de vida na Itália.
Além disso, o italiano é expansivo: é um povo que gosta de celebrar a vida. Por todo o país e durante todo o ano, a Itália festeja feriados religiosos e civis, sempre regados a ótimos vinhos e boa comida, claro. Em algumas ocasiões, os festejos ficam ao encargo das “Pro Loco” (“em prol do lugar”, em português), associações civis sem fins lucrativos constituídas em parceria com os Municípios. Essas associações promovem eventos e atividades culturais com o intuito de preservar as tradições populares e o patrimônio cultural local. Em razão disso, os festejos costumam ser gratuitos ou com valores módicos para que todos possam participar. Concertos, óperas e exposições artísticas com entrada gratuita são comuns na Itália.
Por fim, não podemos deixar de mencionar as belezas naturais do país. Com uma ampla malha rodoviária e ferrovias em excelentes condições, na Itália é fácil e rápido estar em poucas horas em alguns dos lugares mais bonitos do mundo. Opções de passeios ao ar livre não faltam: o país possui lagos lindíssimos, montanhas nevadas com vista para o mar e praias de águas tão claras quanto as do Caribe.

Se sua decisão de morar na Itália está tomada mas você ainda não sabe como realizar este próximo passo. Escrevemos um conteúdo mostrando um passo a passo de como tirar seu passaporte italiano.
Boa sorte nesta sua jornada e não esqueça de nos visitar na Itália 😉